Páginas ao vento

quinta-feira, 3 de março de 2011

É o diabo!

                                                                Os dois lados do humano


Tenho comigo uma crença, não compartilhada pela grande maioria da população mundial, de que o diabo não existe enquanto persona angélica que foi excluída do astral e condenada a uma eternidade no fogo do inferno (que também não acredito existir, como é dito nas religiões).
Já dissertei aqui sobre a existência de Deus e como eu o entendo. Agora é a vez de satã!
Tenho uma intuição de que essa coisa de satanás e diabo são configurações criadas para um controle social em determinada época da humanidade e que se tornou uma verdade mitológica com valor ainda em nossos dias, assim como a noção de pecado.
Essa intuição me leva a dizer que satanás somos nós em nossas atitudes virulentas. Que o diabo é a humanidade no caminho egoísta que não considera o outro, mas apenas a si mesmo, o que gera conflitos e degeneração. Schopenhauer acerta em cheio ao dizer que “o mundo é um inferno habitado por sofredores e seus demônios”. Pois o mundo é uma escola para o aprendizado humano, para que saibamos nos relacionar, respeitando o outro, não fazendo a ele o que não queremos que nos seja feito. Isso pode ser encontrado na bíblia e no Zend Avesta, entre outras “escolas esotéricas” e pode ser tido como a lei maior da boa vizinhança, mas que não é aplicada em nosso dia-a-dia.
Para desmistificar essa coisa de poderes divinos, porém maléficos e concorrentes a Deus que nos velam o entendimento do mundo, devemos ampliar nosso universo de conhecimento. Não é a fiscalização, ou o policiamento que fará o mundo melhor, mas a educação exercida na base da pirâmide.
Desculpem-me se me arrojo numa conversa tida como religiosa, mas isso é filosófico. Há pessoas que patinam nesse fazer o “mal”, mas a vida ensina que nada perdura e que tudo é mudança. Já comentei aqui sobre provas científicas necessárias à aceitação de teorias ou de pensamentos diferenciados sobre a matéria em questão, tais como provar que se ame alguém, o que é extremamente difícil de se concretizar materialmente.
Temos o egoísmo como uma necessidade de auto-conhecimento, mas que não deva durar. Temos que ir adiante dele e, nos conhecendo e nos amando, colocar esse sentimento para fora, amando as pessoas ao nosso redor e, mesmo, aquelas que não conhecemos.
Ah!, como é difícil, quase impossível de se exercer esta atitude cotidianamente, pois não somos santos. Mas temos exemplos raros na humanidade, que nos mostram que é possível fazê-lo. Na verdade, somos responsáveis pelo atual estado das coisas no mundo e pelo estado futuro deste mundo. Somos responsáveis pela distribuição do exemplo egoístico, orgulhoso, arrogante, cruel, malicioso e equivocado entre aquela população que se encontra ainda na ignorância das coisas e que, muitos, pretendem mantê-la assim. Nós estamos imersos nessa ignorância e a criticamos nos outros.
Sinceramente, não vejo possibilidade de mudança para melhor observando o atual estado do mundo. Serventia de corruptos se compõe a sociedade, do trânsito nas ruas aos trâmites burocráticos no comércio e nos gabinetes do Estado. Continuamos criando nosso próprio inferno ao colocar em evidência o consumo como inserção social, ao valorizar o gasto de bilhões nas construções faraônicas de estádios em detrimento da tosca estrutura da saúde e educação, da falta de moradias dignas, da relutância em se comprometer com a justiça aos necessitados das calamidades, quando o Estado não cumpre com sua parte e tenta prolongar essas agonias ao recorrer dos processos. Nas falsas palavras tidas como verdadeiras e que compõem meras justificativas, vazias. Não vejo saída, o que é uma pena.
Chega de justificativas! Chega de palavras esvaziadas em seus sentidos. Chega das tentativas de se construir verdades que são falsidades. Seremos abrasados pela inépcia justificada e pela inércia propagandeada. Os verdadeiros demônios vivem junto a nós e morrem de rir de nossa impotente ignorância. Essa é a realidade do inferno em que vivemos.