Páginas ao vento

domingo, 16 de janeiro de 2011

Os Velhos Novos Problemas

Domingo, 16 de janeiro de 2011.
Acordei 3:03 da madrugada com o gato entre minhas pernas. Levantei e tomei leite, não fui olhar o céu, lá fora no quintal, pois meus olhos estavam grudados. Apenas coloquei Xuxu (o gato) pra fora de casa. Voltei pra cama até passar a sensação que me acompanhou durante todo este ano, a de estar sonhando!
Sinto dizer que ainda não consegui acordar deste sonho, apesar do choque de realidades em que fui colocado no dia 17 de janeiro passado: Paris/Praia Grande!! Mendigos nas ruas/cocôs boiando na beira mar com gente gulosa pelo consumo, não importa pelo que seja.
Tentativas de deixar o cigarro, durante pouco tempo, pois o vazio de se estar a toa não consegui preenchê-lo. Tentativas de deixar de roer as unhas até a dor, em vão! Ainda sinto minha existência através das pontas dos dedos. Persistência na comunicação virtual, forma anti-stress que encontrei para me relacionar comercialmente e que, aos poucos, foi tomando as relações pessoais. Tesão por pintar novamente, sujar as mãos com tinta e pigmentos e a descoberta que minha pintura irada havia evaporado. Ganho pessoal, perda existencial.
Um ano econômico, de aprender a viver com pouco e de pontuar criticamente os dados de realidades que vi. Sensação de bater na mesma tecla!
Acho que estou a espera de acontecimentos dantescos, que já começaram a rolar no mundo, nos atingindo. Esperança de que estes acontecimentos nos alarguem o horizonte em direção a um humanismo, que, talvez, só o sofrimento possa contribuir e nos fazer solidários e amorosos para com os outros. Fecho meus ouvidos ao blá, blá, blá de justificativas, que sempre transferem o sentido da culpa de lugar, eximindo responsabilidades.
Notei que entre as notícias escabrosas eram apresentadas fotografias sorridentes: a foto do prefeito, do governador, da presidente, do técnico em meteorologia, entre outras. Não condiziam com os eventos publicizados. Péssima hora para colocar no ar propaganda política, foi o que senti.
Acho que os eventos ainda não foram tão radicais para sensibilizar esse povo da administração do Estado. Talvez outros, mais contundentes, venham a se realizar neste ano, de modo que o sofrimento de muitos sensibilizem uns poucos. Talvez tomemos outro rumo a partir destes acontecimentos. À ilha ensolarada contrapõe-se o mau tempo.
Enquanto isso, afofei a terra do meu quintal e coloquei adubo para que as plantas fiquem vigorosas; coloquei a placa de “vizinho solidário” na grade do portão, para que, pedintes inclusive, a vejam. Volto a atenção às pequenas tarefas que podem contaminar as grandes tarefas, que nos escapam, cidadãos comuns que somos.
Recolho o cocô do gato novo (ximbica) e o misturo na terra adubada, perto da jabuticabeira, carregada! No mínimo, as jabuticabas estarão com pele sensível e sabor doce, esperança de uma juventude no interior do Brasil.

Um comentário:

  1. Clau
    afoar a terra, esperar as jabuticabas é a sensação de esperança mais linda que eu já vi.
    Beijo grande
    Con

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