Páginas ao vento

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Poesia Companhia

Um mestre, que sabia das coisas. Esta poesia de Fernando Pessoa está num livro dele, de capa dura vermelha, que me acompanha sempre. Aqui, revelo pra vocês o que me anima a dar sentido pra vida, entre tanta demonstração de crueldade que encontramos no mundo.


O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.

Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.

Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: _
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.

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